segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Diário escolar

Hilários aqueles primeiros dias no maternal nos quais eu "ligava a sirene" e agarrava nas pernas da minha mãe para ela não me deixar sozinha, me tirar imediatamente daquele lugar de loucos, onde qualquer pinguinho de gente chorava pelo mesmo motivo que eu: Estranhavam tudo e o que mais queriam, era sair daquele lugar.
Eu sempre disse para o meu pai, que já sabia o alfabeto inteiro, por que então, eu tinha que ir para uma escola?!
Bem, ele me afirmava que eu ia aprender mais coisas. E que mais pra frente, saber apenas o alfabeto, não me beneficiaria em muita coisa.
Na sala de aula: Contos de fada, desenhos, vogais, consoantes, músiquinhas, brincadeiras, cruzadinhas, números de 1 a 10. Cada recreio era o capítulo de uma novela que a gente nem sequer sabia que fazíamos: Eu tinha duas irmãs; Um menino que corria sem parar era meu namorado (no faz de conta meu e dessas duas outras meninas, porque o menino estava brincando de pega-pega com os outros meninos. Ele não atuou no nosso faz de conta realmente). Eu achava estranho ter um namorado, mas a Sabrina me deu uma bronca, dizendo que ter namorado é normal. Eu achava que para namorar, existia uma idade certa. Mas no nosso faz de conta, até as folhinhas dos arbustos ao redor da escola, viravam dinheiro.


Primeira série -Ah como meninas são bobas-. O colégio sempre teve um caderno chamado "livro preto". Marcavam nele nossas indisciplinas e blábláblá. A Adriene tinha o livro rosa. Eu fiquei nervosa mesmo quando ela anotou nele que eu estava conversando com o Gustavo. Fiquei mais nervosa ainda, quando fui contar para a professora de inglês e ela nem atenção me deu. A Gabriela por outro lado, escreveu bem grande na minha apostila "NÃO QUERO MAIS SER CUA AMIGA". Eu me revoltei e rabisquei toda a apostila dela. Ela vivia cortando a amizade comigo, e qual era a dela? Além de cortar amizade comigo, e rasurar minha apostila, escrevia errado? Aquilo era demais para mim. O legal mesmo, é que mesmo com a amizade cortada, a gente era amiga. Mas a gente pensava que era inimiga, e que a amizade findava quando o dedo indicador de uma separava os dois dedos indicadores da outra.

Segunda, terceira, quarta série. - Acho que aprendi sofrer por amor bem cedo- Minha mãe vivia me dizendo que a coisa ruim que eu sentia era consequência de um tal de "amor platônico", e que era cedo para eu sentir isso. Eu nem ligava, tampouco entendia. Eu gostava mesmo, era de me sentir bem na presença de tal menino. Ah, e nas aulas de redação. A professora era exigente, brava. Quando eu lia as minhas histórias imaginárias, ganhava tantos elogios. Eu estufava o peito toda vez que ela dizia que queria um livro meu.
O seu Onelso, meu ex-professor de matemática, me colova para fora da sala quase todos os dias. Uma vez me chamou de "espírito de porco". Todos riram. Eu me envergonhei nesse dia, mas me orgulhei no outro quando ele disse que eu estava alcançando os melhores alunos da sala. Isso me mostrava, que eu era uma aluna esforçada, buscava sempre o melhor.
Nos recreios, quando eu e minhas coleguinhas não fazíamos piquenique no banco do pátio, fazíamos fofocas no nosso "clubinho".


Quinta, sexta, sétima série -Eu realmente era uma aluna esforçada- De pré-aborrecente, para pré-adolescente. Muitas mudanças na minha rotina; na minha mente; no meu ser-a cada fração de segundos-. Eu já não tinha mais tanto dom para escrever histórias, eu realmente sofria por amor, eu certamente sabia que aquelas meninas me odiavam, e com certeza já sabia ter inimigas sem cortar amizade usando dedos indicadores. Se bem que percebi, que esse negócio com os dedos era uma demonstração de incerteza, afinal, se juntássemos os mindinhos, éramos amigas de novo. Agora, a moda de inimizade assim funcionava: não olhar para a cara de fulano. E conversar com esse fulano, não queria dizer que eramos amigos novamente. O que não acontecia antigamente, pois se conversássemos, era porque já tínhamos voltado amizade.

Oitava série. -Meninas são realmente bobas (E meninos também)- Bom, minha carreira escolar finda aqui (por enquanto). Acho que eu chamaria essa minha fase da vida de Crise de existência. Se bem que eu não vejo nada anormal em uma adolescente sentir tédio, estresse, dor de cabeça o tempo todo, cansaço, ciúmes extremos, raiva, ah, e todos os tipos de sofrimentos. É por isso que os meus pais dizem que eu preciso de um tratamento psicológico. Isso faz parecer que hoje em dia, estar feliz é obrigatório.
Não sei em que esquina ficou perdido o meu “espírito de porco”. Foi um ano escolar difícil. Não só pelas matérias que se complicaram (afinal, me superei nas notas e fui uma aluna esforçada), mas pela minha total mudança. Se nos anos anteriores eu sentia que estava mudando, este ano eu mudei completamente. Eu mal falei durante as aulas. Na verdade, eu nem falei. Isso me fez ser alvo de piadinhas como “Ela num fala, é muda”.
Pois é, um espírito envergonhado, com complexo de inferioridade dominou meu eu.
Dia 18 foi a nossa formatura. Eu não participei. Vi as fotos e todos estavam tão lindos. Não consegui me conter quando vi nas fotos meus dois professores preferidos: O crítico argumentativo e o Google ambulante. O seu Renato, professor de português e redação, e o seu Evaldo, professor de história. Se algum dia na minha vida eu tiver que citar duas pessoas “FODAS”, com certeza serão eles.
Os meninos, aqueles meninos bobos que falavam coisas bobas que meninos falam com 14 e 15 anos, estavam em ternos perfeitos, todos sorridentes e bem vestidos. Pareciam homens adultos. Foi como se os 14 anos deles tivessem ficado presos dentro da sala de aula.
As meninas com penteados lindos, e vestidos de dar inveja. Ainda eram as mesmas meninas: Assim como tiravam fotos no espelho do banheiro, tiraram fotos nos espelhos do salão em que ocorreu a formatura.
Formandos 2009. Eles estavam se formando. Todos lindos e sorridentes.

No ano que quase se inicia, mudarei de escola. E este, foi meu último ano com eles. Eu vou sentir muita falta de tudo isso. Foi bom e ao mesmo tempo ruim. E foi assim, que fizemos nossa história.
Ahhhh, o povo lá da escola.

7 comentários:

  1. Terminei de ler seu depoimento enorme sobre sua saga de estudante heheh

    Cara que saudade dos meus tempos de escolinhas... dos tempos de pré escola e primeira séria quando você ainda dizia "meninas? eca!!!" hahahah como as coisas mudam daí em diante...

    Amores platônicos... zoeiras...mtas... eu odiava a escola que estudava até a 8 série...quando eu mudei de escola...cara... coisa mais linda que já se viu... ensino médio... liberdade mil de uma escola... aproveitei tudo no máximo... espero que você aprovete também... e sentir saudade... ela faz parte... não defino a saudade da minha escola como algo "ahh queria voltar no tempo" e sim como algo no tempo espaço que já passou e que eu me orgulho muito de ter passado e hoje poder lembrar de tudo... nossa que comentário enorme...eu me empolguei...moça eu to te seguindo porque eu amo quem odeia a Globo...ok? hahahahah


    Bejão

    Se cuida..

    Visita ae qq hora:
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  2. Guriia, nem te estressa com esse negócio de saudade. O ano terminou, o fundamental terminou, mas as amizades que tu fizeste na tua escola não acabaram! Pelo menos, não as minhas. Tenho cinco amigos há 14 anos! Todos estudaram o fundamental comigo, nos separamos no médio, mas somos melhores amigos até hoje. Basta tu não perder contato com eles. Uma amizade vale muito, preserve as boas! ;)
    Feliz natal!

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  3. Mto lindo *-* No ensino médio mtas coisas mudam /fatoo. É só saber viver direito :) (Não seja que nem eu ¬¬)

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  4. Adorei! Me identifiquei bastante. Bela retrospectiva histórica rsrsrs.

    Beijos

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  5. Ah, lembrei de minha infância.
    Bem parecido! rs.

    Já tive um mínimo EGO, tá lento ainda, mas com o tempo tô fazendo ele acordar. Anime o teu também!

    Beijos, gostei do blog =)

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