terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O telefone não toca, mas eu sei que vou te encontrar.

Toda vez que vinha me ver, me abraçava, me protegendo dos perigos do mundo.
Bom... Pelo menos era assim que eu me sentia... Protegida.
Todo dia às 19 horas, depois que saía de seu serviço, vinha me ver. Você tinha o dom de tornar a noite escura tão colorida. Me dizia que eu era a sua garota, e que nunca, por nada, me deixaria só.
Eu ficava tão pequena entre seus braços fortes que me acolhiam. Parecia uma menininha abraçando um pai. Mas apesar da minha pequenez, o que eu sentia por você era imenso, imenso assim, incalculável. Não só por você me acolher em seus braços fortes, mas porque eu era a sua garota, e você, você era o meu amor maior.
Todo dia de manhã eu acordava com anseio para que caísse logo a noite. Nada me deixava tão bem quanto a sua presença. Porque só você sabia me fazer sorrir quando eu queria chorar; Porque se eu chorava, você secava minhas lágrimas e me dava aquele abraço; Se eu gritava, esbravejava, você não se irritava, fingia me entender e assim me acalmava.
Entendia melhor que ninguém que uma garota é puro amor, mas também é puro desespero e por isso precisa de cuidados.
Então você cuidava de mim. Sempre que ia embora, eu ia pro meu quarto, você me ligava. Eu pegava o telefone, desligava o abajur e me deitava ouvindo sua voz. Você conversava comigo até eu pegar no sono. E dormir te ouvindo, era tudo pra mim.


Agora toda manhã eu acordo com aquela nostalgia incessante de ter você por perto. Quando chega a noite, vou pro meu quarto, já não desligo mais o abajur. Deixo ele aceso enquanto olho para o telefone na esperança que ele toque para que eu possa ouvir sua voz até dormir. Mas ele não toca mais...
Então eu coloco sua blusa. Aquela que você me deu no primeiro dia que nos conhecemos. Fazia frio, você a colocou em mim.
Hoje faz calor. Mas eu não me importo. Eu fico com ela no corpo para te sentir perto de mim. Não tenho mais seus braços, nem seu peito para encostar a cabeça. Mas enquanto eu viver o calor de sua blusa é que irá me proteger.


Visto-a, deixo apenas a luz do abajur acesa para que eu possa olhar o telefone. Ele não toca, não ouço sua voz. Mas de repente meus olhos começam ficar pesados, e eu começo a fechá-los. É como se você estivesse ali, mexendo no meu cabelo. Vai me dando um sono...

Meu corpo todo em pedacinhos... É que a saudade não bate só no peito. Mas eu me lembro do seu olhar, e é como se ele dissesse para eu não me preocupar, você estava cuidando de mim ainda apesar de eu não te ver.
E seus olhos conseguem me convencer. Eu sou a sua garota, você é o meu amor maior e o tempo ainda não escreveu fim na nossa história.
Você se foi, mas toda sua perfeição de ser ficou em mim. E toda vez que eu durmo, eu penso que amanhã é um dia a menos para eu te encontrar. Meu único e maior amor. Você. Sempre você.
Amanhã ou depois, vamos colorir não só a noite, mas a tarde e o dia. Juntos.
Porque é isso que me dá forças para prosseguir em mais um dia sem você.


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Letícia R.

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