O relógio da parede marcava exatamente onze e meia da noite. Deitada na maca daquele quarto de hospital, Catherine abriu os olhos murchos, bem lentamente. Avistou Allison de cabeça baixa sentado numa cadeira ao lado da maca, com a mão direita sobre esta. Tocou a mão dele levemente, de modo a chamá-lo, com sua mão cheia de agulhas, que levavam o soro ao seu sangue e disse baixinho:
- Allison?
- Allison?
- Sim, Catherine?
- Eu tenho algo que quero te contar, mas você tem que prometer nunca contar a ninguém.
- Eu prometo.
- Jura pela sua vida?
- Eu juro pela minha vida.
- Faz quanto tempo que está aqui?
- O tempo suficiente para que você não ficasse sozinha em momento algum. – Diz ele se levantando e cruza os dedos nos finos cabelos de Catherine, sorrindo seguramente para ela.
Catherine sorriu gentilmente com grande esforço. Seu estado de saúde não lhe permitia muitos movimentos.
- Você levou a sério quando eu disse que tinha medo de adoecer e ficar sozinha num quarto de hospital?
- Era mentira?
- Não, era a mais pura verdade. Obrigada por ter ficado aqui comigo mesmo enquanto eu dormia.
- Não agradeça, eu já disse que estou com você para tudo. Eu não deixaria de cuidar de você jamais.
- Allison, eu não tenho muito tempo. Estou me sentindo fraca, cansada, leve demais.
- Calma, eu estou aqui com você. Num vai te acontecer nada.
- Não creio que você possa me ajudar agora, Allison. Mas guarde o segredo que vou te contar: Garotas amam homens que as protegem. Se às vezes se isolam pelos cantos, por nada, é pura carência.
- Quando te encontrei pela primeira vez, aos nossos 14 anos de idade, você estava isolada naquele canto escondido lá na escola. – Disse Allison, relembrando.
- Exatamente. Você foi lá, me deu a mão, perguntando se eu me sentia bem, e a partir disso, você se tornou uma parte de mim. Desde aquele momento eu já não lembro o que é carência e solidão. Por isso digo que garotas gostam de quem as dá atenção e as protegem. – Sorriu abrangentemente.
- Ta legal, mas por que ninguém pode saber disso? Não seria bom que todos os homens soubessem disso? Haveria menos meninas tristes pelos cantos.
- Haveria também muito menos descobertas. Na vida, a gente tem que viver. A tarefa do mais forte é entender que por ter força, precisa cuidar do frágil. A do mais frágil é tentar ser forte até que encontre alguém que o proteja.
- Mas... Não entendo por que isso é um segredo.
- Um segredo só pode ser guardado quando uma das pessoas morre. Eu estou te contando isso, porque foi o que eu percebi durante os dias em que eu andava e respirava sem aparelhos. Por precaução, você não contará a ninguém. Foi assim comigo, mas pode ser diferente com outra pessoa. Pode acontecer de o frágil proteger o mais forte, os casos se diferem um dos outros.
- Catherine, não fala besteira. Você sairá logo desses aparelhos todos. É só por um tempo. – Allison começa a ficar um tanto atônito, mas tentando mostrar segurança à Catherine.
- Meu tempo – Ela começa a ficar ofegante, falando pausadamente- Acabou, Allison. Você é tudo pra mim. Obrigada por ter me encontrado naquele canto. Eu estaria sozinha agora se você não tivesse me dado sua mão naquele dia. Eu, eu amo você! Sempre! Obrigada!
E então os olhos de Catherine se fecharam, e só se ouvia os gritos eloqüentes de Allison no hospital todo. Ele estava louco porque o coração que ele havia conquistado já não batia mais. Os lindos olhos verdes agora estavam tampados pela pálpebra dos olhos fechados.
Aquela gente vestida de branco correu para socorrer aquele coração que não batia. Mas ela já havia dito para Allison que não havia mais tempo.
Passado um mês, Allison já se conformava com a morte de Catherine. Se achava um inútil por não poder livrá-la da morte. Poderia pedir para morrer em seu lugar, mas assim a deixaria sozinha. Então ela se foi primeiro. Esse era seu consolo: Desde quando a encontrou, não a deixou mais sozinha. Ela se foi, e ele ainda estava lá no hospital ao lado dela. Ele sentia saudades dela. Muita saudade. Seu coração ficava apertado por não tê-la pertinho, mas ele pensava nela o tempo todo. Onde quer que ela estivesse, poderia ter certeza de que ele estaria com ela em pensamento. Era sua sina jamais deixá-la. Eram suas palavras à ela: “Jamais te deixarei só, Catherine.”
Ela partiu. Mas ele se felicitava em lembrar que nunca a deixou só. É que a tarefa do mais forte é entender que por ter força, precisa cuidar do frágil.
- Faz quanto tempo que está aqui?
- O tempo suficiente para que você não ficasse sozinha em momento algum. – Diz ele se levantando e cruza os dedos nos finos cabelos de Catherine, sorrindo seguramente para ela.
Catherine sorriu gentilmente com grande esforço. Seu estado de saúde não lhe permitia muitos movimentos.
- Você levou a sério quando eu disse que tinha medo de adoecer e ficar sozinha num quarto de hospital?
- Era mentira?
- Não, era a mais pura verdade. Obrigada por ter ficado aqui comigo mesmo enquanto eu dormia.
- Não agradeça, eu já disse que estou com você para tudo. Eu não deixaria de cuidar de você jamais.
- Allison, eu não tenho muito tempo. Estou me sentindo fraca, cansada, leve demais.
- Calma, eu estou aqui com você. Num vai te acontecer nada.
- Não creio que você possa me ajudar agora, Allison. Mas guarde o segredo que vou te contar: Garotas amam homens que as protegem. Se às vezes se isolam pelos cantos, por nada, é pura carência.
- Quando te encontrei pela primeira vez, aos nossos 14 anos de idade, você estava isolada naquele canto escondido lá na escola. – Disse Allison, relembrando.
- Exatamente. Você foi lá, me deu a mão, perguntando se eu me sentia bem, e a partir disso, você se tornou uma parte de mim. Desde aquele momento eu já não lembro o que é carência e solidão. Por isso digo que garotas gostam de quem as dá atenção e as protegem. – Sorriu abrangentemente.
- Ta legal, mas por que ninguém pode saber disso? Não seria bom que todos os homens soubessem disso? Haveria menos meninas tristes pelos cantos.
- Haveria também muito menos descobertas. Na vida, a gente tem que viver. A tarefa do mais forte é entender que por ter força, precisa cuidar do frágil. A do mais frágil é tentar ser forte até que encontre alguém que o proteja.
- Mas... Não entendo por que isso é um segredo.
- Um segredo só pode ser guardado quando uma das pessoas morre. Eu estou te contando isso, porque foi o que eu percebi durante os dias em que eu andava e respirava sem aparelhos. Por precaução, você não contará a ninguém. Foi assim comigo, mas pode ser diferente com outra pessoa. Pode acontecer de o frágil proteger o mais forte, os casos se diferem um dos outros.
- Catherine, não fala besteira. Você sairá logo desses aparelhos todos. É só por um tempo. – Allison começa a ficar um tanto atônito, mas tentando mostrar segurança à Catherine.
- Meu tempo – Ela começa a ficar ofegante, falando pausadamente- Acabou, Allison. Você é tudo pra mim. Obrigada por ter me encontrado naquele canto. Eu estaria sozinha agora se você não tivesse me dado sua mão naquele dia. Eu, eu amo você! Sempre! Obrigada!
E então os olhos de Catherine se fecharam, e só se ouvia os gritos eloqüentes de Allison no hospital todo. Ele estava louco porque o coração que ele havia conquistado já não batia mais. Os lindos olhos verdes agora estavam tampados pela pálpebra dos olhos fechados.
Aquela gente vestida de branco correu para socorrer aquele coração que não batia. Mas ela já havia dito para Allison que não havia mais tempo.
Passado um mês, Allison já se conformava com a morte de Catherine. Se achava um inútil por não poder livrá-la da morte. Poderia pedir para morrer em seu lugar, mas assim a deixaria sozinha. Então ela se foi primeiro. Esse era seu consolo: Desde quando a encontrou, não a deixou mais sozinha. Ela se foi, e ele ainda estava lá no hospital ao lado dela. Ele sentia saudades dela. Muita saudade. Seu coração ficava apertado por não tê-la pertinho, mas ele pensava nela o tempo todo. Onde quer que ela estivesse, poderia ter certeza de que ele estaria com ela em pensamento. Era sua sina jamais deixá-la. Eram suas palavras à ela: “Jamais te deixarei só, Catherine.”
Ela partiu. Mas ele se felicitava em lembrar que nunca a deixou só. É que a tarefa do mais forte é entender que por ter força, precisa cuidar do frágil.
Obs: Catherine tinha leucemia. Era doente, e se isolava. Quando Allison apareceu, ela só continuou com a leucemia.
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Letícia R.
- Texto fictício para edição musical do Bloínquês.
Que liindo *-*
ResponderExcluirBoa sorte no Bloínquês!
Ola,
ResponderExcluirqual o sentido da vida para Vc??
o que faz da vida?
Muito bom o texto.
ResponderExcluirVai ganhar *-*
Tem um selo para você!
ResponderExcluirNossa, adorei seu texto, bem bonito e caprichado, essa é uma mensagem muito bonita no texto :)
ResponderExcluirBacana o seu Blog Letícia!
ResponderExcluirQuiçá os seres humanos compreendessem que "a tarefa do mais forte é entender que por ter força, precisa cuidar do frágil."
Felicitações!