Sonhos e desejos.

Quando eu virei as costas, indo embora, ele segurou minha mão direita, me puxou gentilmente pra perto dele novamente. Me abraçou firme, encostando a cabeça dele na minha. Disse que não queria ir, que não queria me deixar sozinha.
Eu disse que estaria pensando nele. Não estaria tão sozinha.
Mas ele tinha que ir. Estava tarde, e apesar de eu saber que ele voltaria, aquela ida doía nele e doía em mim. Parecia até que não haveria um amanhã.
Me olhou nos olhos, demos nosso último beijo daquela noite antes dele ir. Depois ele me abraçou por mais vinte segundos, e me soltou, porque tinha que ir. Eu entrei em casa, e ele ali, parado me olhando. Olhei pra ele pela última vez naquela noite, e ele me disse “Tudo bem, eu estou com você!”, e sorriu.
De repente acordo com o celular despertando ao lado do meu travesseiro. Por que nos meus sonhos ele ainda segura minha mão e não que ir embora?
Ele dizia mesmo que não queria me deixar sozinha. Mas por que justo na realidade ele soltou minhas mãos?
Toda manhã eu acordo com o maldito toque do meu celular. Eu não agüento mais esse toque que sempre me tira de perto dele.
Foi embora, soltou minhas mãos, quem me abraçará agora?
Agora só o tenho comigo nos sonhos. É... Talvez quando ele disse “tudo bem, eu estou com você”, ele se referia a estar em meus sonhos depois que nosso namoro acabasse.
Mas todos escolhem seus desejos. Eu escolhi desejar você comigo. Quando eu estiver sonhando, não, não quero que ninguém me acorde. Tomara que a bateria do celular acabe durante a madrugada também. Se a vida é feita de sonhos e desejos, eu quero continuar dormindo. Porque quem faz a minha vida completa, é ele, portanto.

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Letícia R.